Talvez a contagem do tempo tenha sido criada exatamente para que a gente possa pensar na vida sob uma perspectiva menos abrangente - nossos corações ainda espiritualmente infantis sentiriam-se mais oprimidos com a grandeza que a existência implica. Aos poucos, estamos perdendo as amarras, conquistando um mundo mais humano, mais amplo. Mas imaginem há anos atrás como eram ainda mais limitadas nossas noções de espaço e de futuro.

Hora de fazer planos, hora de contabilizar sucessos e fracassos, hora de colocar para fora sentimentos reprimidos, hora de preparar o espírito para um novo ano letivo. Mas não vamos nos enganar, no dia primeiro de janeiro de 2010 seremos os mesmos de hoje, os mesmos de amanhã. Já me peguei frustrada ao acordar depois do reveillon, depois de tanta expectativa, e ver que nada mudou.
Ainda teremos os mesmos sonhos, ainda teremos os mesmos defeitos, ainda teremos os mesmos medos, afinal ninguém muda da água para o vinho, da noite para o dia. Porém, se isso nos consola, sempre teremos nova chance. Em 2009, eu tinha me prometido aprender a nadar (sim, eu não sei, vergonhaaaa) e voltar a cantar.
Ao invés de me arrepender, prefiro dizer que tive outras prioridades. E fico feliz porque assim ao menos duas metas para 2010 eu já tenho, fora outras interiores e ainda maiores, mas essas eu guardo para mim.
Sei que tem gente que vai enfiar o pé na jaca. Que acha que ficar doidão é a melhor forma de esquecer as frustrações e tudo que pretendia ter feito e não conseguiu. Ou de tudo que achava que era seu e lhe foi tirado. E tanta coisa a mais. Mas eu acredito seriamente que essa é a atitude mais boba que pode existir.
Nada melhor do que centrar o pensamento, refazer mentalmente suas metas para 2010 e entender a si mesmo, onde falhou e onde poderá ser melhor, fazer melhor. Sou mais velas acesas, incensos perfumados, orações sinceras e sorrisos de alegria porque a vida continua. O resto vem, pode acreditar.

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