quinta-feira, 3 de março de 2011

A primeira gargalhada

Um dia a gente descobre que está grávida. A primeira coisa que muda é sua sensação sobre o mundo (ao menos comigo foi assim), e depois um turbilhão de coisas, a começar pelos hormônios e a continuar pelo seu corpo, pelo trabalho, pela casa que é adaptada prá chegada de um bebezinho, suas roupas, e um belo dia, você é completamente pega de surpresa pela primeira gargalhada.

Sim, surpresa total. Parece que foi ontem... e você pensa: quando foi que ele nasceu que eu nem consigo me lembrar? Parece que esse serzinho esteve a vida toda com você.
O encantamento da maternidade (sim, para mim foi encantamento) toma a gente de assalto, faz tudo ser diferente, te domina por inteiro. Até que aos poucos você se dá conta de que ainda é uma pessoa, de que a vida continua, de que tudo que mudou agora precisa mudar um pouco de novo para que você volte ser duas: mãe e mulher. Mas não adianta: mesmo a mulher agora amadureceu. Para mim, a maternidade trouxe um senso maior de autoconhecimento. O que antes acontecia por acontecer hoje tem sentido. Tem que valer a pena.
Minha essência continua a mesma, o que mudou foi a necessidade de respeitá-la. Mas poucas pessoas entendem isso. Até quem já é mãe custa a entender, já que cada experiência é única e pessoal. Mas é assim. E é por isso que me sinto mais completa e feliz, porque as coisas que busco hoje são verdadeiras e me preenchem.
Se a gente não se questionar, não se conhecer e não buscar aquilo que realmente importa, vamos vivendo no modo automático, sem perceber que o tempo passa e não conquistamos o mais importante: nossa própria individualidade. Uma grande amiga e professora um dia me disse: quando você chegar "lá", Deus vai perguntar o que você fez da sua vida. Da SUA vida. Não da vida do seu marido, dos seus pais, dos seus irmãos, nem do seu filho, embora encaminhá-lo seja uma tarefa das mais importantes da sua própria caminhada. Mas da SUA vida.
Você tinha sonhos, expectativas, vontades, o que você fez para realizá-los? Você ansiou, desejou, planejou, o que fez para que tudo se tornasse verdade? O mais fácil é a gente colocar a culpa nisso ou naquilo e deixar a vida passar. É difícil tomar decisões, escolher. Porque sempre que se escolhe algo, se deixa de escolher outra coisa. Não se pode ter tudo, não é mesmo?
Mas no fim do dia, o que importa é viver sua verdade pessoal, correr atrás do seus sonhos, das suas vontades, respeitar o seu próprio eu e ser você mesma em tudo. Só assim a alegria imensa de ouvir a primeira gargalhada é completa e absoluta.

Obs. não há nada que se compare ao sorriso do meu filho!

Um comentário:

Ana Paula disse...

Que texto lindo!

Cada escolha uma renúncia né amiga.

E o Enzo cada dia mais lindo!!!