sábado, 2 de janeiro de 2010

Chove lá fora...

Já passa das seis da tarde do segundo dia do primeiro ano do resto de nossas vidas. Chove lá fora, uma chuva fininha, que deixa tudo cinza e não parece ter fim. Ao fundo, o som da música no quarto dos fundos, onde meu marido toca com um amigo. Estou ao computador, como em quase todos os dias do ano. Há dois dias nos alimentamos apenas com as sobras da ceia de ano novo, como certamente mais de 50% da população que efetivamente comemorou o ano novo. De diferente, recebi email da minha afilhadinha Sofia e respondi, e baixei o novo CD do Paramore, depois será o do Linki'n Park. À noite, vamos sair para conhecer um bar cubano aqui em São Paulo - ontem vimos Buena Vista Social Club e estamos totalmente influenciados - às vezes agradeço profundamente por meu David ser quem é, comprar minhas loucuras e entender que eu surto mesmo em um assunto. rs. Ao menos a gente surta junto - somos companheiros, isso ninguém pode negar. E esgotamos tudo que gostamos - se é música, a gente baixa, decora, canta junto, aprende a tocar, enfim. Acho que isso faz parte de viver intensamente. Então hoje a gente vai viver a cultura cubana. Hasta la vista, baby!


"Sob a luz dos holofotes, tudo parece mentira. A vida se esvai enquanto ouvimos gritos, que poderiam muito bem ser abafados pelo som dos nervos que nos seguram - e é só por isso que não partimos para cima de todos, não acabamos com isso. Afinal de contas, quem sobraria para contar a história. Mas é inútil. O show vai continuar, estando nós escalados ou não, pois a vida é um palco constante, em que escolhemos algumas falas, construímos um papel. Mas cujo roteiro não é inteiramente nosso. Então somos golpeados incessantemente pelas vontades alheias, que desfazem dos nossos gostos e pretensões e nos matam calmamente, sob a luz da lua. Quem de nós já não sonhou com o fim do anonimato? Sem saber que na verdade é apenas o começo do fim, quando nos tornamos públicos, deixamos de ser nós mesmos, somos nós mais um, nós mais todos, nós menos tudo que é somente nosso e mais tudo que todos querem que seja o que somos. As pessoas sonham com o que não podem ter e esquecem de que tudo que precisam está dentro delas. O que somos não é o que temos, o que é palpável e pode ser visto, mas o fazemos, as marcas que deixamos no tempo, o que falamos, o que construímos, o bem que causamos. Enquanto marchamos sob os holofotes, vemos nossa matéria se esvair, o que sobrará no final? Apenas nossos rostos no espelho, uma tela de nuvens por entre as quais conseguimos ver a sombra do que fomos um dia. Nada mais. Ainda há tempo. Tempo para valorizar o que é real, tempo de estudar a nós mesmos, tempo de refazer, lenta e calmamente, as falas do que escolhemos ser. Ainda há tempo. Por favor, apaguem a luz."

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