Quanto vale investir no ser humano
em formação, para que o futuro seja um tempo melhor para se viver?
“ (...) Há algo
desmoronando, e há também algo que está nascendo. Nós escutamos o barulho
do carvalho que cai, mas não escutamos o barulho da floresta que brota.
Ouvimos o ruído das torres desmoronando, mas não escutamos a
consciência que desperta. No mundo de hoje há muitas coisas que desmoronam,
e em geral falamos das coisas que fazem ruído, mas não falamos das sementes
de consciência e de luz que estão germinando“. Jean-Yves Leloup
E é exatamente pelo filme falar sobre o que estamos falando,
nós que nos interessamos pelo tema, que eu fiquei esperando um pouquinho mais
de aprofundamento. Mas entendo que ele é para um grande público. É uma dessas
sementes de que Leloup fala, que estão brotando por aí, em vidas e corações. E
que provocam mudanças, mais cedo ou mais tarde.
Três aspectos abordados no filme me chamaram mais atenção, e
me colocaram em questionamentos, o que é ótimo, embora eu durma um pouco menos
quando isso acontece (ah, e fora que repassei os 5 anos de vida do me filho,
pensando no que teria feito diferente se soubesse lá atrás o que sei hoje. Sei
que esse tipo de questionamento só serve se for aprendizado pro futuro, mas é
inevitável para mim).
Primeiro, o investir
na ciência lá de fora, e esquecer completamente da ciência aqui de dentro.
O ser humano atingiu níveis incríveis de conhecimento científico, e ainda está
engatinhando no que diz respeito às relações humanas. Não acolhe a vida e morre
de medo da morte (desse jeito mesmo), pleiteia um mundo feliz, sendo que desde
cedo o que mais faz é matar a felicidade, já que ela está intrinsicamente
ligada às coisas simples. Mas o que é simples já não tem tanto valor. Ou não
tinha. As sementes de um novo pensamento estão brotando.
Depois, do senso de comunidade. Como pais, como nos sentimos sós! E
não falo de gente em volta, porque de nada adianta um bando dizendo o que deve
e o que não deve ser feito. Falo de acolhimento, de aceitação, de cooperação.
Quantas vezes eu quis que alguém me dissesse que estava tudo bem, mesmo
parecendo não estar, e hoje, como gostaria de ser menos julgada, até para pode
não me julgar tanto. E como faz falta nos preocuparmos com o todo, como diz no
filme: o mundo vai ser mais ou menos difícil para nossos filhos, conforme o
fazemos hoje mais ou menos difícil para os filhos de todos. Somos todos parte.
De tudo.
Por últimos, dos
papéis – essa coisa do paizão que troca fralda. Como ainda temos que
evoluir em tanta coisa, não é mesmo? Policiar o modo como julgamos os outros
pode ser um bom começo. Porque quem disse que qualquer coisa nessa nossa vida
TEM que ser ASSIM? Se liberdade é poder dizer não, desejar a liberdade é querer
decidir, tomar rédeas, e faz parte disso libertar-se dos padrões impostos pela
sociedade. Ou não. Mas permitir-se escolher. Cada caso é diferente, cada
maternidade e paternidade é diferente, assim como cada indivíduo o é.
Sei que essa é uma análise muito minha, muito pessoal. E que
o melhor sempre vai vir de trocar essa minha opinião com outras opiniões e
crescer juntos. Mas depois de ver o filme, me deu uma vontade de silenciar para
ver se ouço menos os estrondos e se deixo mais espaço para novas sementes
germinarem em mim.