Se eu pudesse resumir os últimos 9 meses da minha vida, a palavra seria
MUDANÇA. Minha vida e da minha mais preciosa companhia, o Enzo, que completa no
próximo dia 09/08 seus 1 ano e 9 meses, que passaram muito, mas muito rápido.
Antes do Enzo nascer, não que tudo era só calmaria, mas as mudanças eram
morosas, demoravam a acontecer. E embora eu sentisse às vezes a necessidade
desse movimento, eu sentia medo de mudar; havia uma sensação estranha de perda
relacionada à mudança.
Nesses meses que se passaram desde outubro do ano passado, a verdadeira
gestação de uma nova vida, o que menos senti foi medo de mudar. Em
contrapartida, as mudanças vieram a galope, uma atrás da outra. A cada semana
algo acontece, muda a direção. Mais ou menos nessa ordem, vivemos uma
separação, uma mudança de casa, uma viagem de férias (a primeira desde muito
tempo), uma internação hospitalar por causa de uma urticária gigante (da qual
até hoje nenhum médico descobriu a real causa), outra mudança de casa, e uma
nova internação por causa de uma queimadura com água quente (a maior dor da
minha vida, vale um post sobre isso no final).
E quando tudo já parece ter acontecido, eis que me vejo agora em busca de um
novo caminho profissional, que pode nos levar sei lá para onde. Mudanças. Uma
atrás da outra. E nenhum medo. Nenhuma sensação de falta de ar, ou de vazio no
peito, sequer uma palpitação. Ao contrário, uma certeza de que as coisas
caminham para onde elas realmente deveriam estar. Podem me chamar de louca.
E nesse meio tempo, Enzo e eu aprendemos muito, com a própria vida e um com
o outro. E crescemos muito, ele mais do que eu, claro, rs. Brincamos, rimos,
nos divertimos, choramos juntos, ele levou bronca e eu fui depois chorar
escondida, rs. Me senti sozinha muitas vezes, mas muito livre em outras.
Precisei de ajuda, pedi ajuda, tive ajuda (às vezes não). Senti falta da minha
mãe, da minha vó, dos meus irmãos. Até que um deles veio morar comigo (outro
bom companheiro de viagem, o Marcus, dindo do Enzo). Mas continuei sentindo
falta de todos os outros também. Sou uma menina de família, e daí?
E faltou dizer que também passamos pela experiência da morte. Para mim, de
uma maneira como nunca havia acontecido – tão presente, tão consciente, tão
triste e tão bonita. Meu tio Xandi, meu irmão mais velho, deixou esse plano e
foi fabricar boa música e sorrisos do lado de lá. Chorei muito, até mesmo de
felicidade por ter tido o privilégio de ter uma pessoa assim na minha vida.
Dessas que deixam saudade.
Foi uma gestação bem movimentada, mas descobri que a maternidade me fez mais
serena e forte. Criança dá trabalho, mas é tudo de bom. Para quem, obviamente,
está disposto a desempenhar mesmo o papel de mãe/pai.
Sobre o maior susto da minha vida
Enzo não é um bebê mexeriqueiro. Normalmente
brinca com as mesmas coisas, é até um pouco metódico às vezes. Descobri da pior
maneira que isso não é tão bom assim, porque nos faz relaxar e esquecer que
criança é uma caixinha de surpresas e que cresce muito rápido. Um belo dia, do
nada, coisa que nunca tinha feito antes, meu pequeno se estica de um jeito que
nunca mais fez (vai entender) pra alcançar nada, e com a ponta do dedinho puxa
a bacia com água quente onde eu esterilizava os bicos de mamadeira e as
chupetas. Eu nunca tinha feito isso com ele acordado (era sempre a última
tarefa do dia), então nunca tinha me preocupado – de qualquer forma, ele NÃO
ALCANÇAVA naquela altura até então. Ah, nem vou explicar mais. Foi o pior
pesadelo, a pior noite da minha vida inteira até agora. 7 dias de internação –
a única coisa boa é que os bebês tem uma recuperação fenomenal, então o que
passamos depois foi mais o estresse de estar no hospital, os frequentes
medicamentos e o medo que ele passou a ter do banho (porque o primeiro foi bem
traumático). Mas hoje as marquinhas são bem leves e, segundo os médicos, com
filtro solar e longe do sol, até o fim do ano não devem mais existir. Cuidados
triplicados (sem surtar, claro, porque criança é criança), experiência
cumprida. Agora um tempinho de calma, por favor?
2 comentários:
Lindo texto. Um resumo dessa fase de transição pela qual você tem passado!
Acredito que a melhor coisa da vida é não ter medo das mudanças, pois elas é que fazem a vida ir para frente, evoluir, crescer, cair, levantar, amar e tudo mais!
Boa sorte em mais essa etapa da vida de vocês dois! E agradeço sempre a oportunidade de poder participar um pouquinho disso tudo!
Ah! E adoro o jeito que tu escreve... ;)
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